Como funciona a psicoterapia existencialista?
- Gabriel Oliveira

- 24 de ago. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de abr.

A psicologia é uma ciência bastante ampla, com diversas áreas de atuação e abordagens diferenciadas de trabalho. Na área da psicologia clínica, em especial das psicoterapias, temos inúmeras abordagens que ajudam a ler a prática profissional e fomentam os estudos teóricos que fundamentam a técnica científica do psicólogo.
Pessoalmente, escolhi a abordagem existencialista para me guiar teoricamente. O existencialismo é uma corrente filosófica que surge por volta do século XIX com pensadores como Kierkegaard, Nietzsche e Heidegger e continua a vapor no século XX com pensadores como Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir.
De um modo mais específico, venho me especializando no pensamento de Jean Paul Sartre, construindo uma clínica psicológica em diálogo com o pensamento existencial sartriano. O existencialismo como vertente filosófica entende que a existência vem antes da essência, isso significa que não há um determinismo que coloque como o ser humano irá se tornar no futuro; há, sim, um fazer-se o tempo inteiro, constituindo-se no mundo por meio das experiências e das relações.
Dentre as noções mais básicas e fundamentais do existencialismo sartriano, podemos elencar alguns pontos.
Para Sartre, a liberdade é fundamental e intransferível, condição impossível de fugir. Desse modo, todos nós temos a liberdade para fazer escolhas; somos responsáveis, por tanto, pelas escolhas que fazemos e pelas consequências dessas.
A consequência direta da liberdade é a angústia, pois, sendo o ser humano livre e indeterminado, existe um mundo de possibilidades e esse mundo gera angústia, ansiedade e necessidade de responsabilização das próprias escolhas. Muitos buscam fugir dessa responsabilidade, terceirizando ou buscando em outras coisas e seres justificativas para fugir da própria liberdade – o que Sartre caracterizou como má-fé.
É na má-fé que muitos buscam a psicoterapia (ou fogem dela!); nesse cenário, o psicólogo é um instrumento de mediação, que possibilita melhor visualização do que aconteceu na história da pessoa que a fez chegar nessa construção atual que causa algum nível de sofrimento.
Ao localizar o paciente na dinâmica de personalidade, em toda a sua história de constituição, bem como elucidando as noções fundamentais de liberdade, responsabilidade e angústia, a psicoterapia chega em outro ponto que é a noção de projeto de ser ou projeto existencial.
A noção de projeto conduzirá todo o processo psicoterapêutico; como somos seres de relação, indeterminados, precisamos escolher o tempo todo, fazendo-nos todos os dias incansavelmente, sempre em direção a um futuro. Esse constante porvir significa que estamos sempre nos projetando, rumo a si mesmo, o que explica uma identidade fluida, sempre em construção e reconstrução. Isso ajuda a flexibilizar alguns pensamentos que temos em relação a nós mesmos, do tipo: “sou assim e sempre serei assim”, “não há o que fazer para mudar”, “sou velho demais para aprender tal coisa”. Com a ajuda do existencialismo, essas frases não têm sentido, haja vista que tendo vida, existe movimento e, portanto, existe projeto.
E é nesse projeto individual que cada um identificará os sentidos da própria existência. A ideia da psicoterapia é justamente ser mediação para essas escolhas e para a concretização contínua desse projeto existencial, a fim de diminuir os impactos da má-fé, transformando a angústia em movimento e liberdade!
“O existencialismo é uma filosofia de ação, que coloca cada pessoa como responsável por se fazer a si mesma, que reflete sobre temas como: a liberdade, as incertezas, a angústia, a finitude, a morte, a solidão, o sentido da vida, a transcendência, entre outros” (Carrasco, Bruno).
Fonte:
Texto de minha autoria e contribuição complementar da leitura do texto abaixo
https://www.ex-isto.com/2019/03/existencialismo.html









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